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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Redação



Imagem: Google



E agora José?
É, redação é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito...[...], desculpe a licença poética, mas não é nada disso.
Redação é igual ao gerúndio, ninguém gosta [eu gosto], mas o que o gerúndio, coitado, tem com isso? Na verdade o gerúndio é uma forma nominal invariável dos verbos, advém do ablativo latino, ou seja, verbo com desinência ou terminação em ndo, exemplos: nadando, escrevendo.

Nadar se aprende nadando.
Escrever se aprende escrevendo. E você está treinando para o Vestibular?

E para escrever a redação dissertativa - argumentativa você precisa ir treinando, certo? Existem as fórmulas, ou as técnicas dissertativas, as quais podem ser usadas como norteadoras de sua redação, porém não adianta fórmula, técnica sem treino, aperfeiçoamento. Inclusive não esqueça que para fazer uma boa redação há que ler bastante, de tudo um pouco e se concentrar nos temas atuais.
Peça ao seu professor as técnicas para fazer uma boa redação, ou investigue você mesmo, ainda há tempo!

1. Prós e Contras;
2. Enumeração;
3. Causas e Consequências

E tem outras, porém com uma dessas três você vai se identificar e se fixar em um eixo, em uma meta para o treino e sucesso de sua redação. Vá treinando.

Sandra Puff

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Na Piscina


Poniente - 2001 Fabio Hurtado

Em dias de sol a piscina fica cheia. O casal pacífico entreolhando-se, a menina que salta em mergulho perfeito e lá no fundo nada perto dos azulejos e encosta vez ou outra as mãos na cerâmica lisa.
Os velhos sentados na beirada pondo os pés na água fria que energizava e suas mulheres corajosas com seus maiôs sorridentes estão dentro da água fazendo frescurinhas de - ai, ui, - não molhem nossos cabelos!
Nesse meio estava até um candidato a matemático no futuro. Conta todos os golfinhos em tom azul petróleo nos azulejos turquesa destacando a borda da piscina.
Um moço solitário deitado esquentando a barriga na pedra São Tomé, cuidadosamente, ele observa a moça de biquíni verde[...],verde clorofila. Ela, nem tão bronzeada assim, sai da água e deita-se na toalha. Em princípio sente frio, mas a pedra quente é boa companhia.
Minúsculas gotas deslocam-se da coluna e vão descendo rente às costelas. O rapaz percebe que ela está arrepiada, e agora já parece mais bronzeada do que antes, pois ele vê a marca do biquíni desamarrado nas costas em contraste com a pele clara. Os cabelos que antes pareciam muito escuros refletem nuances douradas, acobreadas. Os olhos dela combinam com tudo isso, com a pele, com o verde do biquíni, do azul da piscina e azul do dia.
O rapaz levanta-se um pouco e senta-se mais próximo dela atraído por um cheiro bom, mas ainda não decifrado. Enquanto isso alguns mergulham, outros se distraem com seus drinks e outros mais, simplesmente, observam sem ver os detalhes.
Uma mosca ousada passeia sobre a guria que fica indiferente, ou melhor, até gosta dos movimentos das patinhas do inseto, ou quem sabe da minúscula língua lambendo as gotículas de água.
Deliberadamente o rapaz pensa em como aquilo é possivel!, afinal é uma mosca - bicho nojento!
Indignado..., talvez por não ser um inseto ele continua a olhar. E o sol revelou pelos louros nos braços, nas pernas e tudo ficou mais bonito.
De súbito, a moça vira, senta, levanta o olhar para o rapaz e sorri. Pensa um pouco e logo mergulha. Todos os coloridos foram embora, pensa ele. Mas, ela volta e sabe que ele a espera. Deita de ventre para cima e as gotas, agora, escorrem em atração para a mesma direção e vão parar dentro de um umbigo quase raso. E o sol cumpre seu papel e seca o corpo que, sutilmente, realça as cores e os pelos retornam dourados.
Mas a mosca volta para terror do rapaz e, ora sobrevoa, ora baila nas bordas do umbigo. Único lugar que ainda parece ter água.

Sandra Puff

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Prêmio Dardos: Indicado e Indicações




Segundo pesquisa na web, o Prêmio Dardos foi criado pelo espanhol Alberto Zambade, escritor, que em 2008, no próprio Blog, concedeu o Selo de Prêmio Dardos a 15 Blogs selecionados por ele.
Estes Blogs, segundo Alberto Zambade fazem a diferença e tem por finalidade transmitir valores culturais, éticos, literários, interpessoal e, de certa forma, contribuem com criatividade, pensamento e palavra, ou seja, é a marca pessoal, impressão do autor do Blog.
Dessa forma, é concedido por indicação de um outro Blog o Selo Dardos.
O Blog indicado, também, concede este Selo para outros Blogs que fazem a diferença.
Sapatinhos da Dorothy foi indicado pelo Blog Universo Paralelo, de Sônia Amorim:

Sapatinhos da Dorothy agradece e indica:

Algo além dos livros, de Carla Ceres

No caminho das palavras, de Élys

Ruas e papéis, de Regina  Magnabosco

Sete Ramos de Oliveira, R.R. Barcellos

Simples e Clara, de Clara

Redescobrindo a Alma, de Patrícia Pinna

Além dos Fragmentos, de Eloah

Tudo a Ver, de Leninha

Do que eu gosto..., de Valéria

Doce Filosofia, de Valéria C


Aos listados o Selo, se assim o quiserem...
Eu segui a convenção de escolher 10 Blogs, até porque as indicações fluem mais e um mesmo Blog não será escolhido diversas vezes, porém todos são especiais.
É isso Amigos, escolheria muitos outros Blogs singulares que fazem toda a diferença,
Abraço,
Sandra Puff






terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vejo Conchas


,... o mar
Há fre-ne-ci-da-de na cidade.
A cidade é frenética.

O mar..., Chuá-á-á
Amar o mar é igual ao
Mar de amor.

Riquezas sólidas, o mar se esvai.
Conchas...de retalhos, amores retalhados.
Verde, azul, verdeazular, venhamar...

As estrelas, o céu e terra
Conchas...são casas sólidas jogadas
ao Deus dará da vida.

A água é que é salgada, e eu peixe desamparado,
Amparado nas entranhas de
um peixe Maior.

Eu, peixe assustado com meus olhos
arregalados de medo sem poder fechar.
Eu, peixe desfalecendo,

Necessitado das conchas sólidas para sobreviver
Eu, o peixe incapaz, procuro abrigo no peixe Maior.

Enfim, morro.

Sandra Puff

O Mistério do Autor e da Obra

Não generalizo, veja bem, mas muitos estudiosos da literatura esquecem ou ignoram que o autor seja humano, declarando que tudo trata-se de ficção ou biografia. A modernista Clarice Lispector em entrevistas dizia: "Narrar é narrar-se".
Se por um lado o autor de fato faz ficção, por outro desnuda-se de alma e cotidiano, deixando transparecer uma ou outra ideia do que poderia ser a realidade do mesmo. Já a grande maioria dos autores não falam, ou melhor, preferem usar a velha conhecida: " qualquer semelhança é mera coincidência".
Os críticos, os estudiosos da área devem ter a liberdade de fazer suas pesquisas de qualquer obra ou autor e ai entra explorar suposições, coletar dados, hipóteses até absurdas, tudo é válido no campo científico onde a premissa é o erro e o acerto, o erro e o acerto, certo?, mas é imprescindível que reflitam sob este aspecto do autor ainda ser "humano" e de ser muitas vezes seu próprio personagem. Não aceitar a ideia de que o autor narre sua própria vida, vez ou outra seus costumes e etc., é comprometer os avanços de estudos literários e, [poderia dizer o mesmo no campo das artes, diga-se mestres da pintura, mas ai é um outro departamento]  possivelmente não olhar para o autor como um "todo", fazê-lo fragmentado ou ainda prendê-lo em departamentos, ou seja, o autor pode deixar de existir e restar a obra ou o contrário, matamos a obra e falamos somente do autor.
Sem dúvida o ser humano é dual, é como o sol e a lua, ora tem seu lado obscuro [dark side of the moonPink Floyd que o diga!], ora é luminoso e mostra-se em sua totalidade.
Lembremos a vida de Gustave Flaubert e sua Madame Bovary, a Ema, protagonista que causou escândalo e custou processo judicial ao autor porque atacava a moral burguesa da época, e logo para a defesa do autor/réu, Flaubert usou a morte de Ema como recurso em sua própria defesa. E nos seus discursos dizia a máxima: "Ema sou eu", reforçando assim a ideia do autor/personagem.
"Há muitos mistérios entre o céu e a terra do que diz nossa vã  filosofia", disse o sábio dramaturgo inglês William Shakespeare, inventor do humano. E é nessas palavras que se inspirou Clarice Lispector, peço desculpa ao leitor por usar tanto a Clarice, mas ela disse, desculpe ai também a rima, voltamos ao que disse Clarice, ops, o texto insiste! Vou direto, Lispector registrou: "Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento". Talvez por ser tão descomplicada Lispector era vista como inatingível e, aqueles olhos verdes marítimos assustavam ,é verdade, justamente em razão de muito silêncio e de sua incrível lucidez.
Diante do que foi exposto aqui creio que a possibilidade de ser autor, de ser humano retratado nas personagens é o que faz da escrita a grande arte. E fazer análises sobre a vida ou a obra de autores é mesclar a vida e a arte, pois é algo inconcebível de ser visto separadamente.



Sandra Puff

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O "stress" nosso de cada dia



O "stress" nosso de cada dia


     A Organização Mundial da Saúde afirma que o "stress" pode ser considerado como o mal deste século.
   Primeiramente, fala-se no "stress" como um inimigo invisível, na maioria das vezes, é no corpo que o mesmo mostra os estragos para depois o indivíduo perceber que mentalmente algo muito desastroso aconteceu.
   Em seguida, logo que detectado o problema, o conhecimento desse agente destrutível, as pessoas procuram ajuda médica, comportamental. Tendo várias alternativas para enfrentar a situação de estresse, a melhor ou a mais indicada seria a prevenção.
     Começa-se por alimentação saudável, educação, assistência médica, moradia. Mas, infelizmente a grande parte ou a maior fatia da população não tem acesso a tudo isso. Descarta-se, então, a utopia e passa-se para a realidade prática.
     Aponta-se para algumas formas criativas de acabar ou diminuir o "stress". Acordar cedo, aproveitar o dia, respirar pausadamente pode ser o começo.
    Tentar ser organizado talvez seja uma tarefa difícil, mas é ai que se aproveita bem o dia, uma vez que nosso organismo é sábio, logo nosso relógio biológico acerta os ponteiros.
     Ser alegre é importante, sorrir é um pouco cansativo diante de tantas adversidades, mas não é impossível.
    Praticar hábitos saudáveis, um "hobby", comunicar-se, gostar de si mesmo e dos que estão próximos, faz com que esqueçamos de problemas que não devem ser esquecidos e sim, resolvidos.
    E depois de um dia proveitoso, de satisfação, dormir bem é o que importa, chega a principal hora, a da regeneração celular.
    Enfim, o cotidiano existe, problemas irão surgir, e o mais importante é saber que em mente sadia há um corpo saudável. É permitir-se fazer pequenas coisas de cada vez para ver o todo realizado.




Sandra Puff




sábado, 30 de junho de 2012

Somebody That I Used to Know

Elise e Phillip, eis a dupla que conquistou o American Idol. Os dois foram ousados e interpretaram  "Somebody That I Used to Know", do multi instrumentista Gotye, o qual faz de sua canção mais suave. É por isso que Elise e Phillip já são considerados ídolos, cada qual com um timbre de voz que deu muito certo.


Sandra Puff in [Gotye]

quinta-feira, 8 de março de 2012

Algumas Personagens Femininas

Tamara de Lempicka -
Portrait of a Young Girl in a Green Dress - 1930

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, 08 de Março, listo 20 personagens femininas que marcaram época, costumes, comportamentos, ideologias, romantismo, idealização, dores, alegrias, ou seja, um mix que essas personagens, representantes das mulheres em vários sentidos, abordam. Cada um que olhe pelo ângulo que melhor convém. A lista segue aleatoriamente.

1. Rita Baiana - O Cortiço, de Aluízio Azevedo
2. Isaura - Escrava Isaura, Bernardo Guimarães
3. Macabéa - A Hora da Estrela, Clarice Lispector
4. Inocência - Inocência, de Visconde de Taunay
5. Naná - Naná, Émile Zola
6. Ana - Lavoura Arcaica, Raduan Nassar
7. Olívia - Olhai os Lírios do Campo, Érico Veríssimo
8. Juliana - O Primo Basílio, Eça de Queirós
9. Celie - A Cor Púrpura,  Alice Walker
10. Emma Bovary - Madame Bovary, Gustave Flaubert
11. Esther Greenwood - A Redoma de Vidro, Sylvia Plath
12. Capitu - Dom Casmurro, Machado de Assis
13. Desdêmona - Otelo, William Shakespeare
14. Lóri - Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, Clarice Lispector
15. Diadorim - Grande Sertão: Veredas, João Guimarães Rosa
16. Zooey Glass - Franny and Zooey, J. D. Salinger
17. Ofélia - Hamlet, William Shakespeare
18. Ana Terra - O Continente, Érico Veríssimo
19. Adelaide - Os Ratos, Dyonélio Machado
20. Clarissa - Clarissa, Érico Veríssimo

Parabéns às Mulheres!


Sandra Puff

terça-feira, 6 de março de 2012

Livros: Vestibular UFSC - 2013








Lista das obras literárias para o Vestibular UFSC 2013:


1. Amar, verbo intransitivo, Mário de Andrade. Editora Agir.
2. Beijo no Asfalto,  Nelson Rodrigues. Nova Fronteira.
3. Capitães de Areia, Jorge Amado. Companhia das Letras.
4. Ecos no Porão, Volume 2, Silveira de Souza. Editora da UFSC.
5. Geração do Deserto, Guido Wilmar Sassi. Editora Movimento.
6. Memórias de um Sargento de Milícias, Manoel Antônio de Almeida.
7.Memórias Sentimentais de João Miramar, Oswald de Andrade. Globo.
8. Poesia Marginal, Diversos autores. Editora Ática


Sandra Puff in: Coperve

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sobre as Máscaras

Máscara - 1905 - Guache sobre Madeira
Louis Welden Hawkins

A máscara pode ser representada de duas maneiras, denota um acessório para cobrir o rosto e tem variados usos, desde os artísticos, veja-se o teatro, lúdico, já na infância as crianças fazem uso das máscaras de seus heróis preferidos, ou mais remoto, o uso de máscara nos bailes, seja nos bailes em festas privadas ou ao ar livre, como em carnavais. O tradicional carnaval de Veneza expressa bem essa arte, é uma tradição que o rosto fique coberto por belíssimas máscaras, um jogo de sedução e anonimato.
A máscara pode ser também uma denotação de proteção literal para quem a usa, como exemplo as máscaras de oxigênio.
Em muitas tribos a máscara passa a ser uma representação para o rito de passagem entre a vida e a morte. Há muitas representações conotativas para a máscara, seja usada como um disfarce, e até mesmo como um símbolo de identificação, uma representante de deuses, espíritos da natureza, seres míticos, sobrenaturais ou animalescas. É o rito de transfigurações, o encobrimento da real identidade.
Os latinos entendiam a palavra máscara como uma derivação de mascus ou masca, que tinha o significado de fantasma, já na cultura árabe a maskharah entendia-se por homem disfarçado ou o palhaço. Não é de se estranhar que o palhaço se disfarça e cobre seu rosto. Talvez, seja dessa natureza que a máscara deixa de ser um simples adereço e torna-se um significante enganoso.
Nos dias atuais percebemos em quadrinhos ou em filmes de heróis ou vilões que a máscara não tem só a função de encobrir uma identidade e sim transformar a vida de quem as usa. Explicitamos que cada super- herói usa uma máscara, ou seja, assim que a coloca ele se torna um outro, que não é o mesmo, torna-se um diferente e passa a ter poderes e sua identidade resguardada. Outro é o fantasma da ópera, que por vários motivos físicos e existenciais torna-se um ser protegido pela máscara. Tomamos como exemplo bem atual os internautas que usam avatares para que não se descubra quem realmente o são. Dessa forma, esse objeto, um mero adereço, é transformador, seja de caráter enganoso ou que resguarda a quem o usa.
De qualquer forma, o uso da máscara tem por objetivo alguma proteção, disfarce, intencionalidade de acobertamento ou mesmo o apagamento do real. Pode-se dizer um abando de si mesmo. “O afastamento de si mesmo, o qual sempre acaba por confirmar o seu próprio eu, é igualmente perceptível no afastamento dos outros que não a si próprio, quando parece que estes são ao mesmo tempo indesejáveis e semelhantes”.1

Sandra Puff

REFERÊNCIAS
1 ROSSET, Clément. O real e seu duplo: ensaio sobre a ilusão. Op. cit., 1976, p. 69.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Os 90 Anos da Semana de Arte Moderna


Capa do catálogo da Semana de Arte Moderna por Di Cavalcanti

Vinte anos após o acontecimento da Semana de Arte Moderna de 22, Mário de Andrade afirmou em uma conferência que, "O Modernismo, no Brasil, foi uma ruptura, foi um abandono de princípios e de técnicas consequentes, foi uma revolta contra o que era a Inteligência nacional"1
E foi, não foi?2
Essa ruptura que Andrade cita quebra de vez com a universalização da cultura importada. É certo que os campos das artes culturais e literárias, uma década antes, já se esboçavam a traços finos pelos pré-modernistas, porém ainda permanecia o academicismo e muito apego ao tradicional clássico, diga-se ao Parnasianismo com seus objetivismos puristas, seus mitos greco-romanos, o apreço aos versos regulares ao sabor da forma fixa e métricas decassílabas. O descrever da linguagem formal e rigorosa, ou seja, era o praticar da arte pela arte. Mas, querido leitor, não leia pelo modo de uma crítica isolada minha, são os fatos, ao Parnasianismo, nem ao digníssimo Olavo Bilac3, aliás, eu gosto muito do poema Ouvir Estrelas, “Ora ( direis) ouvir estrelas!Certo/ Perdestes o senso!” E eu vos direi, no entanto,/ Que, para ouvi-las, muita vez desperto/ E abro as janelas, pálido de espanto...”4 Ah!, eu adoro!, mas voltemos à Semana de Arte Moderna, que ocorreu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, ou seja, há 90 anos, foi o que se pode dizer do antes e depois, um divisor que não provocara mudanças imediatas, pois acontecimentos importantes já se iniciavam antes, mas sim o ápice dessas mudanças que, vista isoladamente, não deu-se muito crédito a ela, nem mesmo os jornais daquela época lhe dedicaram muitas colunas. A Semana era vista como um desejo de liberdade dos artistas e escritores.
E, ao decorrer da história a Semana ganha uma enorme notoriedade, uma vez que fez a junção dos artistas de São Paulo e Rio de Janeiro e estes desmistificaram a cultura brasileira, por assim dizer, abriram as cortinas de várias tendências e renovações que estavam acontecendo no cenário brasileiro, o qual fez outros artistas de cidades variadas que estavam à margem juntarem suas forças, ou seja, toda forma de arte. Foi nesse momento que a Semana de Arte Moderna marca para sempre as páginas da Literatura Brasileira, pois essa junção de vários artistas em diversas modalidades como autores, músicos, arquitetos, os escultores, os grupos de dança conseguem de forma sólida trocar experiências, técnicas e muitas ideias, o que contribuiu de vez para publicarem revistas voltadas à arte em geral, manifestos foram publicados por grande grupo de intelectuais da época, enfim, permitiu-se que a cultura brasileira fosse ampliada a diversos departamentos e, o melhor, nossa cultura ganhou tal força que não ficou apenas na década de 20 e sim permanecesse na atualidade, nada a dever com o que se fazia na Europa. E não só isso, foi o momento decisivo para que nossa cultura atravessasse décadas e permanecesse tão atual quanto ela é hoje.


Sandra Puff


REFERÊNCIAS
1Conferência comemorativa dos 20 anos da Semana de Arte Moderna, 1942.
2Uma referência ao Poema, “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, declamado por Ronald de Carvalho. O público gritava em uma só voz durante a declamação: “Foi, não foi”, o que faz um ritmo de imitação ao barulho do sapo tanoeiro.
3Olavo Bilac sempre fora criticado demasiadamente pelos Modernistas.
4Bilac, Olavo. Poesia. Rio de Janeiro: Editora Agir, 1957. p.47-8.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sylvia Plath: humanamente mítica



Simples assim!, Complexa demais.  A poeta/escritora estadunidense Sylvia Plath completaria 80 anos não fosse sua trágica morte aos 30 anos. [Sylvia Plath, com todo meu respeito, foi a autora de minha dissertação de mestrado]
Relevantes são as obras que Sylvia deixou, conhecida como poeta, longa é a lista de sua escrita. A bibliografia de Sylvia Plath nos impressiona pelo fato de ter lançado dois livros em vida, The Collossus and Other Poems, (1960) e The Bell Jar, (1963) único romance, pouco antes do trágico fator a ser entendido. Os outros livros foram editados por Ted Hughes, poeta e marido de Sylvia.
A história trágica não era ficção, um romance lançado e a blondgirl, starlet agora, jazia em uma sala fria à espera das especulações que se formariam em torno da pessoa e da obra, mais da pessoa. Era a escrita plathiana a nos rondar. Uma espécie de escritos fantasmagóricos. Em torno das especulações, Sylvia, agora é morta, ganhou um Pulitzer póstumo, fato raro. Não só The Bell Jar, mas todos os escritos de Sylvia passavam, agora, aos mais vendidos, e mesmo que o romance encabeçasse a lista dos mais vendidos por um ano, as feministas tomaram as feridas da escritora transformando-a em um ícone martirizado ao ser retalhada pelos homens, em especial, Ted Hughes. Outra parte dos leitores do casal já declaravam que Ted havia tido sua vida destroçada por uma mulher desequilibrada e teria de suportar o violento ciúme de Sylvia, a americana superficial, que usava batom muito vermelho e o cabelo além de louro. Havia em Sylvia um ser sem nenhum senso de realidade, diziam as idólatras de Hughes, afinal ele também era escritor e havia conquistado seu lugar ao sol, sua fatia da legião de seus adoradores o defendiam e achavam que Sylvia poderia escrever muito bem mas não havia existência, tudo não passava de aparências.
Sylvia tornou-se famosa, assim como era sua ambição em vida, o montante de escritos nos dizem o quanto era determinada, numa disciplina diária  sobre vários temas. Tanto na poesia quanto na narrativa somam-se o esforço e qualidade na escrita, a força moral na recusa de muitos editores e as especulações que faziam sobre sua personalidade: louca, desequilibrada, ciumenta, extremista, histérica, autodestrutiva, isolada. O fato é que Sylvia tinha sua verve literária. O desejo de compartilhar suas experiências, angústias com o público somente os escritores capazes, profissionais, corajosos o fazem, pois sempre há as críticas, sejam as construtivas ou as que denigrem.


Assim que The Bell Jar debutou em janeiro de 1963, o uso do pseudônimo Victoria Lucas fez com que a crítica não associasse o romance à Sylvia Plath. O editor dos textos de Plath nos Estados Unidos não estava muito interessado na história, achava que era demasiado pessoal ou até um estudo de caso e as críticas não foram tão positivas quanto ela esperava. Sylvia achava que seu romance era mais um livro de boas vendas. Não foi bem assim, recebeu boas críticas, embora a maioria das críticas positivas viessem no post-mortem. Tarde demais!, mas assim como ousava  chamar-se, "A Lady Lazarus"  ressurgiu tão nova e tão boa em seus livros para a posteridade. 
Ah!, Sylvia era assim, tão simples!, mítica e humanamente complexa!

"Mesmo sob chamas ferozes pode-se plantar o Lótus Dourado" Bhagavad Gita [Epitáfio de SP]
Sylvia Plath - * 27/10/1932 - 11/02/1963



P.S. Quem quiser saber mais pode assistir ao filme: Sylvia, Paixão além das palavras.

Sandra Puff