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quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Companhia


O porta-retrato, o vaso de flor.
Estranhamente sentada em um lugar que não era o dela, como o de costume, aos pouquinhos ia tomando café na xícara que era para ser de presente de Natal para alguém de sua família. O desenho era natalino, a cor vermelha, o azul noite e os pontinhos luminosos brancos caindo e deixando o chão neve. Parecia estar frio ali, mas o café quentinho tirava a ideia do frio, até da solidão.
A segurança sempre fora ponto essencial na vida. O estranho sentimento de estar sendo sempre observada, muitas vezes a incomodava, outras não.
Estava com uma certa tontura, talvez o cansaço, ou a ansiedade. Embrenhava-se em pensamentos de querer ser completamente alguém que habitava seu ser. Sim, este ser quase sempre era observador, inquieto, relutante... Mas, hoje estava apenas confuso. Assim como era olhar para a toalha de mesa toda quadriculadinha em preto e branco.
Pensava como aqueles quadrados, unidos lado a lado, ora eram a mistura de todas as cores, ora eram a ausência delas. E a toalha fazia-se longa e descia pela mesa e seus quadrados unidos, sempre solidários.
As cadeiras eram seis, formavam pares. E as pessoas imaginadamente ali sentadas? Formavam pares também.
Essencialmente tudo ali formava pares - os quadrados, as cadeiras, as pessoas. Mas, a mesa não! Aquele retângulo a acolhia, fazia-se necessário, era uma companhia.
De súbito, as paredes ficaram enormes, e o chão era quadriculado e também formava pares.

2 comentários:

  1. Sonhar é fácil. Fantasiar, também. Esperar a Companhia e o conforto de Amar, é a imensidão.


    SOL da Esteva
    http://acordarsonhando.blogspot.com/

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  2. Querida amiga..
    Lendo aqui suas postagens todos para refletir
    bastante.
    Amiga também vim desejar um feliz final de semana
    beijos no coração ,Evanir.

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